terça-feira, 28 de maio de 2013

Crônica (Não sou, não sou e pronto)

- Burra! Bur... ra!
- Quem é burra?
- Você é burra.
- Eu sou burra?
- É.
- Você está me chamando de burra?
- Estou.
- Eu?
- Você. Bur... ra!
Silêncio. Um segundo.
- Pois não é que sou!
- Burra?
- Não é que sou isso aí. Tá bão também.
Silêncio. Um segundo.
- Cega! Ce... ga!
- Quem é cega?
- Você é cega.
- Eu sou cega?
- É. Burra e cega.
- Você está me chamando de burra e cega?
- Estou.
- Eu? Eu mesma?
- Você. Bur... ra. Ce... ga.
Silêncio. Um segundo.
- Pois não é que sou!
- Cega?
- Não é que sou isso aí. Tá bão também.
Silêncio. Um segundo.
- Energúmena.
- Está agora me chamando de energúmena?
- Estou. E n e r g ú m e n a. Quer que repita?
- Repita.
- E n e r g ú m e n a.
Silêncio. Um segundo.
- Pois não  é que sou!
- Afe! Não adianta insistir...
Silêncio. Um segundo.
- Azêmola!
Plaft!
- Aíiii! Doeu.
Plaft! Plaft!
Silêncio. Um segundo.
Aí a dita cuja sai toda convencida, enquanto observa o excomungado do seu namorado... Ops! A partir deste momento, ex-namorado... indo embora, mão espalmada escondendo a vermelhidão da face direita.
- Que audácia do cara, meu, me chamar de azêmola. Quem ele pensa que é? Até posso ser burra por não entender que chegou um novo tempo, até posso ser cega por não ver que esse novo tempo chegou pra ficar, até posso ser tola por não aceitar  que esse novo tempo traz ares mais arejados, e até posso aceitar que sou uma energúmena por não entrar de sola neste novo tempo, mas azêmola eu não sou, não sou e pronto. E aquele idiota foi tarde. É isso aí!  
E toda sirigaita ela volta ao seu trabalho de margarida.

João Neto

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