Meu
amigo 7-1, por algum motivo que foge à minha parca compreensão – gostou do adjetivo?
– poucas pessoas estão coléricas porque muitas estão cromosféricas. Coléricas,
não histéricas, ora bolas.
Quais
pessoas?
Pergunta
fácil de responder. Mas não responderei.
Convido-o
a acompanhar-me pelas ruas dessa pequena e bucólica cidade interiorana onde
residimos.
Pois
bem.
...
Nessa
hora de caminhada passamos por muitas ruas, e chegamos nesta rua pensa desta
vila populosa quanto aprazível, bastante visada por nove entre dez ávidos dessa folia cívica instalada em nossa urbe.
Prestou
atenção? Notou?
Exatamente.
...
Meu
amigo 7-1, nem sempre a realidade é da cor que os desavisados a
pintam em seus devaneios.
A
realidade tem tonalidade própria que mistura tantas cores nunca antes
percebidas que até parece irreal, segundo Zé da Truta, “filosófo” e beberrão emérito
dessa nossa cidade.
Continuemos
nossa caminhada.
...
Oi?
Aquele
sujeito na maior "pavonice" na calçada em frente à casa que até dias atrás nem ao menos um
daqueles que ora se encontram lá sabia de sua existência? Acertou. É ele mesmo.
Continua na mesma toada. Trovoa daqui, trovoa de lá, mas é desanuviado de ideias.
Assim, não molha a terra, não faz germinar sementes, não frutifica. Trovoa.
O
vento sereno que veio do norte leva o som de trovoar tão retórico assim para
outras plagas.
...
Aquele
outro ao lado dele? Qual dos dois? Ah, sim.
Meu
amigo 7-1, te conto uma fábula que ouvi da boca de nosso “filosófo” Zé da Truta
num dos seus momentos de êxtase infantil.
Dois
leões disputavam o trono. Os outros animais não se importavam qual se tornaria
rei, pois a lei da floresta prescrevia a existência de um rei, logo, que restasse
daquela contenda o rei.
A
disputa entre os dois felinos se dava no rugido. Quem desistisse de rugir,
perderia.
Aí
é que está. Entre o final do entardecer e o início do anoitecer, a clareira
esvaziou-se, pois os animais de hábitos diurnos se recolheram para descansar e
os animais de hábitos noturnos foram à luta. Instinto, simples instinto.
Os
dois pretendentes ao trono rugiam a pleno pulmão e assim permaneceram até o
exato momento entre o final da noite e início do dia. Cansados e sozinhos,
rugiram ao mesmo tempo pela última vez e saíram cada um pra um lado,
determinados a descansar porque nem o leão é de ferro.
Entendeu?
...
Tá
certo. Esse sujeito é a simbiose daqueles dois leões. Ei, que tal uma cerveja, apesar do frio? Eu
pago.
...
Vamos então. Qual seu bar preferido?
João Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário