segunda-feira, 22 de julho de 2013

Crônica (Naquele canto do mundo...)



Ninguém está naquele canto do mundo para tripudiar.  Naquele canto do mundo não existem vencedores ou vencidos.
Aqueles soberbos de espírito não possuem espaço por aqui, muito menos os inaptos, mais conhecidos como bajuladores.
Naquele canto do mundo não se galga a escada social e econômica se locupletando da simplicidade e desprendimento.
Por aqui aqueles intelectualizados de coração não convencem com palavras rebuscadas, muitos menos os vendedores de ilusão, mais conhecidos como palavreadores.
Naquele canto do mundo se faz política para o bem estar de todos, mas não subsistem políticos.
Todos vivenciar sua fé. Todas as cores de pele estão por aqui, ninguém se apercebe.
Naquele canto do mundo todos preparam a terra, plantam, ceifam, todos fazem a colheita, se divide o pão e se bebe o vinho na mesma mesa.
A modernidade é bem vinda se acompanhada de responsabilidade. A moralidade se faz no ato de cada um para com o outro, sem vaidade acirrada, sem inveja disfarçada, sem orgulho exasperado, apenas sinceridade.
Naquele canto do mundo todos conhecem o solo que pisa, todos sentem no rosto a gota d’água da tempestade que cai, e têm perfeita noção da importância do sol quando surge no céu azul.
As casas possuem teto e piso simples, na medida do necessário.
Naquele canto do mundo ninguém é igual ao outro, mas somam suas diferenças para o bem comum.
Cada um aprimora seu talento para distribuí-lo de acordo com a necessidade daquele que dele necessita.
Naquele canto do mundo todos cantam, choram, oram, calam, aprendem, ensinam como permitem o coração e a mente de cada um. Todos se expressam.
 Códigos de conduta se aperfeiçoam no dia-a-dia, no labor, no lazer, em todos os momentos, enfim, um por todos, todos por um, como aqueles famosos mosqueteiros. Todos se conduzem para uma só finalidade, o bem estar. Nada escrito... e sim vivido.
Naquele canto do mundo todos decidiram na mente e no coração viver dessa maneira, mãos formando uma só corrente, presente e futuro a frente.
Simples assim.
...
Quando o grande empresário, o maior de todos daquela pequena e bucólica cidade interiorana, vê aquele cidadão em seu estabelecimento comercial, imediatamente aciona a polícia.
Disse ele depois aos seus filhos que não permitira jamais disseminação de ideias subversivas que aquele indigesto certamente trazia consigo, pois contaminaria seus empregados e os filhos de seus empregados e os filhos dos filhos de seus empregados... E o futuro de suas empresas como ficaria em frente dessa nova consciência?
Acrescentou ele ainda de sua irritação com o atraso costumeiro dos policiais, pois o tal cidadão – figura desprezível em sua ótica empresarial – fora embora tranquilamente depois de efetuar o pagamento da despesa no caixa, mas comunicaria o atraso inconcebível ao coronel na reunião da loja, bem como exigiria do prefeito providências imediatas para bloquear o acesso à sua cidade por indivíduos tão contaminadores.
João Neto

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