terça-feira, 3 de setembro de 2013

Música (O que será)

O que será que me dá 
Que me bole por dentro, será que me dá 

Que brota à flor da pele, será que me dá 

E que me sobe às faces e me faz corar 

E que me salta aos olhos a me atraiçoar 

E que me aperta o peito e me faz confessar 

O que não tem mais jeito de dissimular 

E que nem é direito ninguém recusar 

E que me faz mendigo, me faz implorar 

O que não tem medida, nem nunca terá 

O que não tem remédio, nem nunca terá 

O que não tem receita 


O que será que será 

Que dá dentro da gente e que não devia 

Que desacata a gente, que é revelia 

Que é feito uma aguardente que não sacia 

Que é feito estar doente de uma folia 

Que nem dez mandamentos vão conciliar 

Nem todos os unguentos vão aliviar 

Nem todos os quebrantos, toda alquimia 

Que nem todos os santos, será que será 

O que não tem descanso, nem nunca terá 

O que não tem cansaço, nem nunca terá 

O que não tem limite 


O que será que me dá 
Que me queima por dentro, será que me dá 

Que me perturba o sono, será que me dá 

Que todos os ardores me vêm atiçar 

Que todos os tremores me vêm agitar 

E todos os suores me vêm encharcar 

E todos os meus nervos estão a rogar 

E todos os meus órgãos estão a clamar 

E uma aflição medonha me faz suplicar 

O que não tem vergonha, nem nunca terá 

O que não tem governo, nem nunca terá 

O que não tem juízo 

Música: O que será (A flor da pele)
Salve Chico Buarque, Salve Milton Nascimento

“Se tudo fosse como impõe alguns... nada seria, nada seria. Ah! E as algemas se romperiam antes de clarear o dia”
João Neto 

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