Quem
seria aquele indivíduo que na tarde de sexta-feira caminhava feito jagunço e
como Pafúncio procurava a imagem ideal dentre aqueles com os quais cruzava
pelas ruas do centro de nossa pequena e bucólica cidade interiorana?
De
quem seria aquele cão sarnento que revirava sacos de lixos amontoados nas guias
das sarjetas das ruas do bairro dos senhores mais abastados e das senhoras
emplumadas e dos moços alienados e das
moças de luvas vermelhas?
Quem
seria aquele senhor de cabelos grisalhos que feito espantalho se recostava no
poste e observava o movimento das pessoas que caminhavam em direção à
sorveteria do outro lado da praça da matriz?
De
quem seria aquele cão sarnento que se coçava, as pulgas expulsava enquanto descansava
debaixo do banco onde no recosto se lia no cartaz fixado com fita adesiva “não
sente, tinta fresca”.
Quem
seria aquela senhora que em pleno sol do meio-dia se escondia sob a sombra da
sombrinha colorida enquanto seus olhos protegia dos raios gama com óculos de
lentes espelhadas?
De
quem seria aquele cão sarnento que latia rodopiando o louco que cantava no
centro da praça uma canção cuja letra seria uma mistura de alemão e mandarim e
todo mundo que ouvia entendia e os versos com ele repetia?
Quem
seria a jovem senhora que trazia nos braços tatuagens de imagens que outrora
sonhava que um dia dela seriam e até então nenhuma delas conseguira?
De
quem seria o cão sarnento que entrou na igreja pela porta lateral...
Em
tempo.
Uma
pombinha branca de peito marrom sentou na ponta da cruz da torre direita da
igreja matriz.
Duas
beatas misturavam os ingredientes da receita do bolo de chocolate que preparavam
para a festa de aniversário do padre e ao mesmo tempo criticavam a crença em
santos e arcanjos.
Três
bebuns sentados nos banquinhos e debruçados no balcão do bar mais antiga da
cidade discutiam o motivo de estarem sentados em banquinhos e debruçados no
balcão do bar mais antigo da cidade.
Quatro
vagabundos sentados no centro da praça da matriz jogavam bafo com figurinhas de
personagens históricos da pequena e bucólica cidade interiorana.
Cinco
aposentados sorrateiramente dividiam as “azulzinhas” sendo fotografados furtivamente
pela moçoila não muito decente.
Finalizando.
Fim.
João
Neto
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