Por que escrever crônicas, contos? Por
quê?
Sei lá.
Ouvir?
Por ter ouvidos?
Falar?
Por ter boca?
Aliás, filosofa nosso “filosófo mor” Zé
da Truta “quem tem boca encontra o pé de romã” e mais “quem tem ouvidos que use meias de lã”.
Esse Zé da Truta!
Em algum lugar talvez esteja olhando as
estrelas uma poetiza sonhadora da pele cor de jambo, fofinha, sorriso tímido, lábios carnudos...
Epa!
Quem seria essa poetiza?
Quem? Quem?
Mudando de assunto, mas sem tirar o pé
do verso.
Se de repente eu fosse expulso da casa
de Leis?
Esclarecendo. Leis é um grande amigo.
Mui amigo. Sujeito de baixo porte, gordinho. Poeta.
Toda noite de lua cheia fica ele olhando
as estrelas, deitado no telhado da casinha de seu poodle de estimação.
Que seja! Esta tarde estarei indo até lá para o chá.
Lábios carnudos, sorriso tímido, fofinha,
pele cor de jambo, poetiza?
Afe!
Quem sabe Leis a tenha convidado.
Se de repente a casa de Leis estivesse
cheia de gente... artistas, apenas artistas... e um desses pintores de
vanguarda sugerisse que não ficássemos apenas
no chá e radicalizássemos bebendo batidinha de limão?
Se a poetiza topasse, eu toparia...
Zé da Truta, que certamente estaria na
roda, após beber todas e muito mais, antes do penúltimo gole soltaria a frase
que muitos anos depois ficaria célebre.
“Nem toda pedra do rio rola”.
E eu contaria pro meus camaradas sentados
nos três bancos dourados da praça da matriz – lá pelos idos de 2100 – quanto Zé
da Truta era sábio vai e vem.
Isto posto e como tudo ainda pode ou não
acontecer, me resta saber nos dias atuais quem é a poetiza de olhos castanhos, sorriso
tímido nos lábios carnudos, fofinha, pele cor de jambo, cabelos negros, que
passa pela praça da matriz... Não tenho pressa. Logo, logo saberei.
Até porque 2100 está longe.
Quanto aos cronistas e as cronistas...
Parabéns.
Contistas... Parabéns.
Leio todas as crônicas e todos os
contos.
E ouço bem. Aliás, gosto de ouvir. E de
falar. Falar o necessário.
Poetiza, me aguarde.
Até porque nossa pequena e bucólica
cidade interiorana proporciona encontros casuais... Afe! Será bão demais esse
encontro casualmente provocado.
João Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário