segunda-feira, 29 de julho de 2013

Crônica (Palavras ao meu amigo 7-1)



Muita atenção, 7-1, agora está em nossas mãos.
O que foi feito, foi. O que se falou, ora, se falou. Se tudo fosse cumprido, no futuro seria mera história de promessas não cumpridas num passado remoto, presente que hoje fazemos. Aliás, aqueles que conhecem nossa história sabem que nem tudo, ou quase nada foi comprido do prometido em ocasiões semelhantes a essa que vivemos.
Fique atento, 7-1. O movimento das pessoas é que nos possibilitará entender os motivos das peças estarem sendo movimentadas dessa maneira nesse intrincado jogo de xadrez. Na verdade, um jogo simples se atentarmos a quem o joga.
Jamais teremos acesso, 7-1,  aos bastidores, aos segredos de alcova, às conversas ao pé do ouvido, às decisões ocultas.
Sempre foi assim, e continuará sendo. Eu e você, 7-1,  fomos etiquetados como massa de manobra. Podemos ficar indiferentes, coçar a frieira dos dedos do pé direito, mas que somos massa de manobra, 7-1, é inegável.
Talvez se nossos nomes fossem lidos pelo transeunte no concreto da calçada da principal rua do centro da nossa pequena e bucólica cidade, talvez se nosso apelido fosse destaque nos balões que circulam por esse céu de três cores que contemplamos em dia de sol, talvez se nas lousas digitais em letras coloridas surgisse nossa história para que os pequeninos a recitasse, nós seríamos considerados, chamados de senhores, quiça patrão, e por que não de cidadão.
Porém, 7-1, no momento nos etiquetaram como massa de manobra. Um ou outro até nos chamam de "filho" - talvez não saibam que somos órfãos.
Brademos nos balcões do boteco, no corredor da feira livre, nos bancos da praça, em todo e qualquer lugar, no canto mais escuro, ou no salão festivo mais iluminado, que temos título. Dez números e dois dígitos que, naqueles breves segundos que nosso dedo indicador tecla, 7-1, nos tornam iguais.
Momento mágico, não é?
Então, façamos valer  nossa cidadania. Não importa se da periferia ou do cantão mais rico desta cidade. Cidadania.
Não deixemos que a escuridão ofusque a claridade.
Como mencionado, 7-1, agora está em nossas mãos.
Nestes poucos dias que restam nos sufocarão com mensagens, conversarão amistosamente conosco (pela primeira vez, é certo),  como também é certo que nos cumprimentarão efusivamente,  e, se ao nosso lado estiverem outras pessoas, nos abraçarão e seremos fotografados, e na foto perceberemos o sorriso treinado em frente ao espelho do banheiro. Que não seja tarde!
O que sei, 7-1, é que os olhos não mentem, nem escondem o que se passa no coração de cada um deles.
E encarei aqueles olhos. Senti frio na espinha, mas encarei.
Agora está em nossas mãos. Em 107 segundos podemos mudar o destino de nossa cidade. Pra melhor ou pra pior.
Não sou muito de ir à igreja, e sei que você, 7-1, muito menos.
Porém, não devemos temer em afirmar que Deus, em sua infinita sabedoria, prepara algo de bom pra nossa pequena e bucólica cidade interiorana. Ele não nos abandonaria, pois não demos causa ao que acontece neste rincão azul.
Os sinais estão aqui, numa nuance nunca antes testemunhada.
João Neto

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