20.08.13
No que estou pensando?
Sei lá... O vento traz sensações... Tantas casas de janelas e portas fechadas
pouco adiantaria, pois os vãos deixariam o vento entrar. Ai é que está... o vento
passou, em nenhuma casa entrou, e as sensações levou, misturando-as às ondas
mar.
20.08.13
No que estou pensando? Sei lá... De repente contar pelo em
ovo? Não, contar pelo em ovo não, o ovo que fique equilibrado sobre a mesa de
mármore. Escrever o próximo número depois do último número possível? Não, não
tenho paciência de
ficar escrevendo uma multidão de zeros depois do um. De
repente caminhar completamente pelado pela rua mais escura da cidade? Não, isso
não, pois sou tão azarado que acabo dando de topa com os "homens"
fazendo ronda em plena madrugada nessa rua sem saída de apenas duas casas,
sendo uma delasassombrada. Já sei: fungar no cangote de algum baixinho
puxa-saco que só traja casaco. Hummm! Não. Fungar no cangote de puxa-saco e
baixinho que só se veste de casado é o ó. Quer saber? Pra não desperdiçar
fungada, vamos encarar os "homens".
20.08.13
No que estou pensando? Vejamos, vejamos... Dois anões
jogavam xadrez cujas peças tinham fotos de gente ilustre estampadas... Duas gigantonas
se postavam detrás deles e riam as pampas... Aí alguém do povo muito curioso se
aproximou pra bisbilhotar as fotos fixadas nos peões, nas torres, nos cavalos,
nos bispos, no rei e na rainha. Nem chegou perto... bem antes levou um cascudo na nuca do vigilante
operante que depois subiu novamente na escada para dar lustro no lustre de mil
lâmpadas, nove apagadas. As gigantonas de maiôs nem deixaram de rir, os anões
de calções e camisetas cavadas de jogar... e aquele que levou o cascudo voltou
para o meio do povo com a curiosidade aguçada.
21.08.13
No que estou pensando? A primeira pessoa sente-se feliz, a
vida lhe abriu uma porta. A segunda pessoa na expectativa, esperançosa que a
vida lhe abra uma porta. A terceira pessoa na incerteza se a vida lhe abrirá
uma porta. Estão lado a lado. Silenciosas, o olhar fixo à frente, sem desviar a
atenção, sem perceber o silêncio entre aquelas quatro paredes. E a solidão no
espaço entre elas. Do lado de fora as demais pessoas nos afazeres diários, no
cotidiano, no mundo acimentado, na indiferença das horas.
22.08.13
No que estou pensando? Hummm... Na paz. E pra alcançar essa
paz, faxinar o espírito, dar um banho de cheiro no coração, uma boa varrida nos
pensamentos e não deixar debaixo do tapete a sujeira, na verdade, dar-lhe o
devido destino, a lata de lixo. Bão, muito bão “a arrumação”. Então, sair por
aí e viver a vida numa boa, sempre próximo de alguém, transmitindo-lhe a paz
que se impregnou na pele... "Ei!" - Zé da Truta, emérito beberrão e
"filosófo" nas horas vagas, chama minha atenção - "tá
esquentando a cerveja no seu copo". Eita!
23.08.13
O que estou pensando? De repente... topar com o
Topo Gigio? Antigo hein? Tá bom, tá bom... Escorregar pelo corrimão e aquela
bolota bem lá na ponta debaixo só na espera, só na espera... aaaai? Tô
abusando. Que seja... surfar nas ondas do rádio (alguém cantou isso, alguém
cantou). Eita! Deve ser falta de assunto, deve ser... Falta de assunto? V a g a
b u n d i c e... E não é? (risos).
23.08.13
No que estou pensando? Então... É, pode ser...
Não, não pode ser... Ou será? Sei não se já não foi... Ai aiai... “Pule do
barco, pula vá” incentivam os marinheiros... “Salte do avião sem medo”
incentivam os pilotos... Ará, nem sei nadar e nem tenho asas... Óia os caras,
pensam que sou peixe, pensam que sou pássaro... Bocós demais eles.
24.08.13
No que estou pensando? Então... Eu denuncio! (a voz titubeante do rapaz de
camiseta, bermuda, boné na cabeça e chinelo nos pés e fome de justiça ecoa pela
sala abarrotada de gente desinteressada e curiosa, “paus mandados”)... Cale-se!
(a voz imperativa do mandatário embrionário se faz ouvir sobressaindo ao
eco).
24.08.13
No que estou pensando? Então... Com seu grito de guerra e munido de arca de
flecha, o índio irrompe na sala principal, iluminada como um plenário, do
prédio moderníssimo da pequena e bucólica cidade... Entre a porta envidraçada e
início do corredor central, o velho ululante lhe passa uma rasteira... O índio
rola corredor central abaixo, chocando-se contra a frente do palco ou algo
assim, onde nove e outros dois maçantes observam indiferentes. A platéia, gente desinteressada e curiosa,
“paus mandados”, aplaude, ri, vaia, sem perceber que índio é irmão de sangue do
rapaz de camiseta, bermuda, boné na cabeça e chinelo nos pés.
24.08.13
No que estou pensando? Quer saber... Vou botar
meu bloco na rua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário