sábado, 24 de agosto de 2013

Transcrição (textos extraídos de "No que estou pensando"- facebook - sorvetedegroselha - João Neto)

20.08.13
No que estou pensando? Sei lá... O vento traz sensações... Tantas casas de janelas e portas fechadas pouco adiantaria, pois os vãos deixariam o vento entrar. Ai é que está... o vento passou, em nenhuma casa entrou, e as sensações levou, misturando-as às ondas mar.

20.08.13
No que estou pensando? Sei lá... De repente contar pelo em ovo? Não, contar pelo em ovo não, o ovo que fique equilibrado sobre a mesa de mármore. Escrever o próximo número depois do último número possível? Não, não tenho paciência de
ficar escrevendo uma multidão de zeros depois do um. De repente caminhar completamente pelado pela rua mais escura da cidade? Não, isso não, pois sou tão azarado que acabo dando de topa com os "homens" fazendo ronda em plena madrugada nessa rua sem saída de apenas duas casas, sendo uma delasassombrada. Já sei: fungar no cangote de algum baixinho puxa-saco que só traja casaco. Hummm! Não. Fungar no cangote de puxa-saco e baixinho que só se veste de casado é o ó. Quer saber? Pra não desperdiçar fungada, vamos encarar os "homens".

20.08.13
No que estou pensando? Vejamos, vejamos... Dois anões jogavam xadrez cujas peças tinham fotos de gente ilustre estampadas... Duas gigantonas se postavam detrás deles e riam as pampas... Aí alguém do povo muito curioso se aproximou pra bisbilhotar as fotos fixadas nos peões, nas torres, nos cavalos, nos bispos, no rei e na rainha. Nem chegou perto... bem antes  levou um cascudo na nuca do vigilante operante que depois subiu novamente na escada para dar lustro no lustre de mil lâmpadas, nove apagadas. As gigantonas de maiôs nem deixaram de rir, os anões de calções e camisetas cavadas de jogar... e aquele que levou o cascudo voltou para o meio do povo com a curiosidade aguçada.

21.08.13
No que estou pensando? A primeira pessoa sente-se feliz, a vida lhe abriu uma porta. A segunda pessoa na expectativa, esperançosa que a vida lhe abra uma porta. A terceira pessoa na incerteza se a vida lhe abrirá uma porta. Estão lado a lado. Silenciosas, o olhar fixo à frente, sem desviar a atenção, sem perceber o silêncio entre aquelas quatro paredes. E a solidão no espaço entre elas. Do lado de fora as demais pessoas nos afazeres diários, no cotidiano, no mundo acimentado, na indiferença das horas.

22.08.13
No que estou pensando? Hummm... Na paz. E pra alcançar essa paz, faxinar o espírito, dar um banho de cheiro no coração, uma boa varrida nos pensamentos e não deixar debaixo do tapete a sujeira, na verdade, dar-lhe o devido destino, a lata de lixo. Bão, muito bão “a arrumação”. Então, sair por aí e viver a vida numa boa, sempre próximo de alguém, transmitindo-lhe a paz que se impregnou na pele... "Ei!" - Zé da Truta, emérito beberrão e "filosófo" nas horas vagas, chama minha atenção - "tá esquentando a cerveja no seu copo". Eita!

23.08.13
O que estou pensando? De repente... topar com o Topo Gigio? Antigo hein? Tá bom, tá bom... Escorregar pelo corrimão e aquela bolota bem lá na ponta debaixo só na espera, só na espera... aaaai? Tô abusando. Que seja... surfar nas ondas do rádio (alguém cantou isso, alguém cantou). Eita! Deve ser falta de assunto, deve ser... Falta de assunto? V a g a b u n d i c e... E não é? (risos).

23.08.13
No que estou pensando? Então... É, pode ser... Não, não pode ser... Ou será? Sei não se já não foi... Ai aiai... “Pule do barco, pula vá” incentivam os marinheiros... “Salte do avião sem medo” incentivam os pilotos... Ará, nem sei nadar e nem tenho asas... Óia os caras, pensam que sou peixe, pensam que sou pássaro... Bocós demais eles.

24.08.13
No que estou pensando? Então...  Eu denuncio! (a voz titubeante do rapaz de camiseta, bermuda, boné na cabeça e chinelo nos pés e fome de justiça ecoa pela sala abarrotada de gente desinteressada e curiosa, “paus mandados”)... Cale-se! (a voz imperativa do mandatário embrionário se faz ouvir sobressaindo ao eco). 

24.08.13
No que estou pensando? Então...  Com seu grito de guerra e munido de arca de flecha, o índio irrompe na sala principal, iluminada como um plenário, do prédio moderníssimo da pequena e bucólica cidade... Entre a porta envidraçada e início do corredor central, o velho ululante lhe passa uma rasteira... O índio rola corredor central abaixo, chocando-se contra a frente do palco ou algo assim, onde nove e outros dois maçantes observam indiferentes.  A platéia, gente desinteressada e curiosa, “paus mandados”, aplaude, ri, vaia, sem perceber que índio é irmão de sangue do rapaz de camiseta, bermuda, boné na cabeça e chinelo nos pés.

24.08.13
No que estou pensando? Quer saber... Vou botar meu bloco na rua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário