sou
a massa em repouso que ninguém fermentou
sou
a ferida aberta que ninguém curou
sou
a voz enrouquecida que ninguém escutou
sou
os versos esquecidos que ninguém juntou
sou
o perfume da flor que ninguém inspirou
sou
a terra fértil que ninguém semeou
sou
o pão que o homem esmigalhou
sou
a pomada que o homem inutilizou
sou
o silêncio que o homem encaixotou
sou
a poesia que o homem rasgou
sou
a essência que o homem modificou
sou
a semente que o homem não regou
(João Neto)