Eu denuncio a indiferença da elite social pelas nefastas consequências
de seus atos mercenários.
Eu denuncio a inconsequência da Justiça diferenciando ricos e os demais.
Eu denuncio a letra da lei mascarada de água fervente no congelador.
Eu denuncio a deposição da liderança merecida pela
autoridade imposta.
Eu denuncio a imposição de opinião pela completa
desinformação.
Eu denuncio a não alfabetização da criança, do
adolescente, do jovem, do adulto, do velho.
Eu denuncio o medíocre escrevendo na lousa numa sala vazia.
Eu denuncio a transformação da fome em votos.
Eu denuncio a pobreza sadia se fazendo de inválida para
obter benesses.
Eu denuncio o homem de jaleco branco de alma negra.
Eu denuncio o homem da toga preta e de alma cinza.
Eu denuncio a arbitrariedade como justificativa da incapacidade.
Eu denuncio os oradores de tribunas como cópias
escrachadas dos oradores dos púlpitos.
Eu denuncio a inverdade travestida de teses de mestrado.
Eu denuncio o mestre desmotivado se fazendo de desprezado.
Eu denuncio o uso da fé como chaveiro.
Eu denuncio o crente desarrazoado.
Eu denuncio a mulher fazendo do leite materno silicone.
Eu denuncio o filho desamoroso agindo como se fosse
libertário.
Eu denuncio o pai descarinhoso como mero procriador.
Eu denuncio as autoridades civis, militares e eclesiásticas
que desavergonhadamente perdem pelo caminho a humildade.
Eu denuncio os intelectuais sapienciais sentados de
costas para a porta na sala de janelas fechadas como espectros formais.
Eu denuncio a mim mesmo por estar em cima do muro vendo a
verdade passar de pires na mão seguida nos calcanhares pela consciência.
(... e a vida continua...)
(... mas eu não me calei...)
(João Neto)
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